Familiares e amigos do jornalista Róger Bittencourt fazem uma grande mobilização para acompanhar o julgamento do motorista denunciado por seu atropelamento e morte em dezembro de 2015, em Florianópolis. O júri teve início na manhã desta quinta-feira (7), no fórum da Capital.
Gustavo Raupp Schardosim foi levado ao banco dos réus pelos crimes de homicídio simples, devido à morte de Róger, e por tentativa de homicídio em relação a uma segunda vítima, que também foi atropelada, mas sobreviveu ao acidente.
Em homenagem à memória do jornalista, parentes e amigos vestem camisetas com as frases "a corrida continua" e "corremos por você, Róger". Uma faixa também foi estendida na escadaria de acesso ao Tribunal do Júri: "Não vai trazer o Róger de volta, mas a Justiça precisa ser feita", diz o texto.
A sessão é presidida pelo juiz Renato Mastella. Na acusação, atua o promotor Affonso Ghizzo Neto, auxiliado pelos advogados Marcelo Luciano Vieira de Mello e André Mello Filho. Enquanto pela defesa, Alexandre Neuber representa Schardosim.
Ao colunista Ânderson Silva, o defensor do réu adiantou que pretende desqualificar o crime denunciado pelo Ministério Público de homicídio doloso, com pena de seis a 20 anos, para culposo. O entendimento é de que foi comprovado que Schardosim não estava embriagado no momento do acidente, conforme aponta um laudo do Instituto Geral de Perícias.
A expectativa das pessoas que eram próximas de Róger é de que o júri confirme a tese de embriaguez do réu no momento do acidente. Policiais militares que atenderam a ocorrência e o condutor de uma van que seguia atrás do motorista que provocou o acidente foram chamados a prestar depoimento no júri.
Um dos policiais militares já se manifestou nesta manhã e testemunhou que o réu estava em "evidente estado de embriaguez", com olhos avermelhados, odor etílico e sonolência.
No dia do atropelamento, Schardosim não quis fazer o teste do bafômetro nem exame de sangue. Para a família, as circunstâncias descritas pelos policiais e o relato do motorista da van, que teria percebido a direção desorientada do veículo que causou o acidente, são evidências de que o réu estava sob efeito de álcool.
— Eu acho que nós estamos vivendo uma questão que transcende o caso do Róger. Chegou no ponto em que estamos discutindo se a sociedade vai continuar tolerando crimes desse tipo, violentos, e que permaneçam no silêncio. Ou se a sociedade vai, enfim, dar uma resposta à altura e dizer: "álcool e direção ninguém vai tolerar mais". E se beber, dirigir e matar vai preso sim. Não é crime de trânsito, é homicídio — diz a viúva de Róger, a também jornalista Karin Verbickas.
Gustavo Raupp Schardosim atropelou e provocou a morte do jornalista Róger Bittencourt em dezembro de 2015, na SC-401, no norte da Ilha. Róger seguia de bicicleta pela ciclofaixa perto do trevo de acesso ao bairro Jurerê no momento da colisão.
Gustavo é julgado pelos crimes de homicídio simples e tentativa de homicídio, já que também é acusado de ter atingido e ferido Jacinto Silveira Florzino, amigo que pedalava com Róger naquela manhã de domingo.
Fonte: https://www.nsctotal.com.br/noticias/nao-e-crime-de-transito-e-homicidio-diz-viuva-de-jornalista-atropelado-em-florianopolis