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Mortes por atropelamento na BR-101 em Santa Catarina quase dobraram no 1º semestre do ano

De janeiro a junho de 2019, 29 pedestres morreram atropelados na rodovia, número 93,3% maior comparado ao mesmo período do ano anterior


As mortes por atropelamento na BR-101 quase dobraram no primeiro semestre de 2019 comparado ao ano passado em Santa Catarina. A rodovia mais fatal para pedestres teve crescimento de 93,3% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre deste ano, 29 pessoas perderam a vida após serem atropeladas na rodovia. Em 2018, foram 15 vítimas entre janeiro e junho.

Os dados, informados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) a pedido da reportagem, levam em conta somente as mortes no local do acidente até o dia 30 de junho. Em todas as rodovias federais do Estado, morreram 38 pedestres nos primeiros seis meses do ano — 8,5% a mais em relação ao total de vítimas de 2018, que terminou o período com 35 mortes.


A reta final do semestre foi responsável por engrossar as estatísticas. Entre maio e junho, a cada três dias um pedestre morreu atropelado nas rodovias federais do Estado, totalizando 19 mortos entre os dias 2 de maio e 29 de junho. Os primeiros quatro meses do ano terminaram com 15 pedestres mortos ao total.

Para o inspetor da PRF, Adriano Fiamoncini, esse tipo de acidente tem origem tanto na carência de infraestrutura quanto na composição geográfica dos municípios.

— O problema é o crescimento desordenado das cidades, que estão “engolindo" as rodovias. A BR-101 é um exemplo, por ser a mais urbanizada. Em alguns locais, e rodovia virou "avenida" que corta bairros extremamente populosos de São José, Palhoça, Itajaí, Balneário Camboriú...

Apesar de ressaltar que os pedestres precisam ter mais paciência e cautela na hora de atravessar as rodovias, Fiamoncini destaca a necessidade de aumento nos locais de passagem.

— Ao mesmo tempo, é preciso aumentar a oferta de passarelas para que eles tenham mais opções seguras para fazer essa travessia – afirma.

A BR-282 foi a via que apresentou mais redução de mortes de pedestres no período. Em 2018, ela havia sido a segunda com mais mortes do período, fechando o semestre com 13 vítimas. Neste ano, o número caiu para três mortes por atropelamento.


Faltam passarelas na BR-101

Das 29 mortes por atropelamento na BR-101, 23 foram na Grande Florianópolis, entre os municípios de Tijucas e Paulo Lopes — a região registrou um total de 67 acidentes com pedestres somente entre janeiro e junho deste ano. Os números preocupantes refletem a percepção que o morador de São José, Arthur Marinho Alves, 28 anos, tem sobre a insegurança ao transitar na rodovia.

Durante quatro anos, ele percorreu o mesmo trajeto da sua casa, na divisa entre os bairros Barreiros e Areias: caminhava até o Shopping Itaguaçu, onde trabalhou até o fim de 2018. Eram aproximadamente seis quilômetros de ida e volta diária pela marginal da BR-101.


Mesmo não fazendo o mesmo percurso, ele ainda se locomove bastante a pé na região, e conta que desde que se mudou para o local onde mora atualmente com a mãe e o irmão, há sete anos, poucas coisas mudaram para quem circula pela rodovia.

Apesar de apresentar condições melhores aos pedestres quando comparadas às vias comuns dos bairros, o grande problema da BR está relacionado à infraestrutura. Para ele, não há locais seguros suficientes para suprir a demanda de quem precisa atravessar a rodovia a pé.

Há locais de retorno, nos quais os pedestres atravessam embaixo do viaduto, mas, segundo ele, são poucas passarelas, justamente as estruturas que oferecem mais segurança aos pedestres.

— Podem ser consideradas caras e desnecessárias quando pensadas a partir do ponto de vista do carro, mas para quem anda a pé são importantes, fazem bastante diferença — diz Arthur, que atualmente trabalha como cuidador de idosos.

Quem precisa atravessar nos retornos também tem que contar com o bom senso dos motoristas para que os veículos parem nas faixas de pedestre, o que muitas vezes não acontece, diz Arthur.


Outro problema é em relação à distância de um local para outro. Ele conta que por ser acostumado a caminhar, sempre atravessa nos lugares destinados à passagem de pedestres, mesmo que isso signifique caminhar quase um quilômetro a mais.

— Vejo muitas pessoas atravessando fora desses locais, se arriscando, porque nem sempre tem locais próximos e caminhar até um retorno de viaduto pode demorar 10, 15 minutos a mais — observa.


BR-101 tem poucas ciclofaixas e ciclovias

Já para os ciclistas, a falta de ciclofaixas torna o trajeto extremamente perigoso. Arthur conta que diariamente em suas caminhadas encontra pessoas indo ao trabalho e transitando de bicicleta pela região, mas ele mesmo não se sente seguro em pedalar no local.

Além dos pedestres, os ciclistas também têm morrido mais nas BRs. A quantidade de vítimas foi quase quatro vezes maior em comparação com o ano passado. De janeiro a junho deste ano, 11 ciclistas morreram em acidentes. Ano passado, foram três no mesmo período.

Para ele, se as rodovias oferecessem segurança aos ciclistas, o número de pessoas se locomovendo de bicicleta poderia aumentar, melhorando o trânsito no local, constantemente congestionado. Dar segurança a quem não se locomove de carro impacta positivamente para a mobilidade urbana da região.

— Investir em ciclofaixas e em corredores de ônibus é prioridade — ressalta.

A construção de áreas próprias para o ciclista é uma solução sugerida também por Fiamoncini. Para o inspetor da PRF, o investimento forte em um espaço reservado para as bicicletas resultaria na redução das mortes, já que os ciclistas não precisariam mais disputar espaço com automóveis, motos e caminhões.

— Em locais como vias marginais sem acostamento, eles dividem o mesmo espaço que os veículos automotores, aumentando ainda mais o perigo de colisões – finaliza.




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